19 de out. de 2008

Quando tudo começa a fazer sentido...

"Aqueles que se permitem as transgressões da alma com certeza são vistos e recebidos pelos outros como estrangeiros. Os que mudam de emprego radicalmente, os que refazem relações amorosas, os que abandonam vícios, os que perdem medos, os que se libertam e os que rompem experimentam a solidão que só pode ser quebrada por outro que conheça essas experiências. A natureza da experiência pode ser totalmente distinta, mas eles se tornarão parceiros enquanto "forasteiros".

"...Faça seu caminho. Isso poderá lançá-lo ao exílio e sua sociedade nativa poderá tornar-se estranha, e você poderá ter muito pouco a ver com as pessoas de lá e não ter com quem comunicar-se. Mas não se esqueça de que você sempre terá a D'us para fazê-lo encontrar outros em exílio com quem terá muito para conversar."

Trechos do livro A alma Imoral, do rabino Nilton Bonder

Ler A Alma Imoral e assistir à excepcional atuação da atriz Clarice Niskier, que amorosamente inunda os corações de quem está disponível com o texto do rabino Nilton Bonder, foi a resposta para muitos dos meus questionamentos. Quem já se percebeu diferente a ponto de não pertencer a lugar algum e, às vezes, já viu os olhos de quem mais importa brilharem de um jeito que diz "não sei como lidar com você", certamente irá suspirar. Não de alívio, nem por ter encontrado algum tipo de compaixão nas páginas do livro ou na linda encenação de Clarice, mas sim porque, finalmente, entendeu que não está sozinho!

10 de out. de 2008

Amigos são chaves

"Nos subúrbios de Havana, chamam o amigo de minha terra ou meu sangue.
Em Caracas, o amigo é minha pada ou minha chave: pada, por causa de padaria, a fonte do bom pão para as fomes da alma; e chave por causa de ...

— Chave, por causa de chave — me conta Mario Benedetti.
E me conta que quando morava em Buenos Aires, nos tempos do horror, ele usava cinco chaves alheias em seu chaveiro: cinco chaves, de cinco casas, de cinco amigos: as chaves que o salvaram."
Celebração da amizade/1, do Livro dos Abraços, de Eduardo Galeano
A cada ano, tenho a sorte de conhecer pelo menos um amigo desses, que, também por sorte, ficam em minha vida por muito, muito tempo. E, do jeito que a vida tem que ser, um dia eles partem. Agora, é a vez da minha querida amiga Veri realizar seus sonhos, que estão a alguns quilômetros de distância daqui.
E, apaixonada que sou pelas palavras, encontrei nesse texto a forma de expressar o tanto que gosto dela: minha amiga chave, que abriu tantas portas para que eu possa realizar os meus sonhos; minha amiga pada, que, com sua delicadeza e seu exemplo, tantas e tantas vezes aqueceu minha alma e meu coração!!!
E, para cumprir o ritmo que uma vida feliz deve seguir, acabei de ganhar mais uma amiga chave: a Rosangela, que talvez nem saiba o quanto seu pequeno gesto pode representar na construção do meu sonho.